perdeste, és a pata chóca.

(...) tentei tudo, lutei com todas as minhas forças, batalhei contra ventos e tempestades mas perdi. perdi-te a ti e ao que tinhamos, perdi o resto do "nós" que ainda pressistia e lutava por ele próprio. hoje, mostro a bandeira branca em sinal de desistencia. voltei á minha infância, por instantes, da escola primária. uma escola já velha mas onde todos nos conheciamos e juntavamo-nos num pequeno campo de cimento, que deveria ser usado para jogar futebol ou basquetebol, e jogavamos o jogo da pata-chóca, nome que era dado ao perdedor. ao perdedor, era dada apenas a humilhação, faziam uma roda em volta do mesmo e cantavam, aos gritos e a rir, "pata-chóca, pata-chóca". perdi a conta ás vezes que estive nessa posição e em que baixava a cabeça, as lágrimas me vinham aos olhos e as bochechas me coravam. é a mesma situação agora, mas sem jogo e sem pessoas, apenas a maldita cantiga, milhares de vozes na minha cabeça, fatigada de tanto lutar, a gritarem em plenos pulmões "perdeste, ahahaha, páta-chóca, pata-chóca".  navego agora de novo no mar revoltado , dentro do meu barco frágil a ranger-me debaixo dos pés e desta vez sem anjo para me salvar, para me acarinhar ou apenas para me dar o incentivo e a coragem com que continuo a contar. portanto, vou levantar a bandeira branca, sentar-me no chão de madeira frágil como o meu coração e esperar, que haja esperança , força ou um anjo que me salve das vozes, do mar e do meu próprio desgosto.